segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Música Potiguar

Vazante
Camilo Henrique e Hélio Crisanto



No sertão quando a seca é causticante,
E o sol escaldante seca o mato,
Não se ver água franca no regato,
Nenhum talo verdoso na vazante.
Não há ave na terra que não cante,
Agourando com o canto o padecer,
E o caboclo cansado de sofrer,
Vende a terra e busca outra morada,
No rachão da lagoa esturricada,
Vejo um grilo cantando pra chover.

A barbárie da seca causa espanto,
Gado morto, crianças moribundas,
As cacimbas sem água, já profundas,
Urubus revoando em cada canto.
Sertanejo cansado verte o pranto,
Esquecido e sem ter o que comer,
Não desiste da luta e quer vencer,
As mazelas da vida flagelada,

No rachão da lagoa esturricada,
Vejo um grilo cantando pra chover.

Quando a chuva se deita na campina,
O sertão se renova satisfeito,
Nasce um pé de esperança no roçado,
Faz chover na vazante do meu peito.

A caatinga peleja agonizante,
Precisamos transpor o São Francisco,
Pois a terra sedenta corre o risco,
De um colapso fatal e humilhante.
Nosso grito a cada governante,
O Nordeste não pode perecer,
Nossos olhos cansados de se ver,
Mais um ano que vem com estiada,

No rachão da lagoa esturricada,
Vejo um grilo cantando pra chover.

Nenhum comentário:

Postar um comentário