quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Verbo ad verbum


Na feira de Caruaru
Marcos Bezerra, do Novo Jornal


A coletiva do presidente do América, Alex Padang, alegando que o clube foi expulso do Rio Grande do Norte e pode ir jogar em Caruaru no segundo turno da Série B, virou assunto obrigatório e acirrou os ânimos entre os torcedores dos dois times nos quatro cantos da cidade e no mundo sem fim da internet. Aqui, pelos lados da Ribeira, também; incluindo este NOVO JORNAL. “O América devia conseguir o patrocínio da Ipiranga, que oferece quilômetros de vantagens”; “Este time vai longe”; “Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço”…

Uma americana de longa data aqui da redação acusava cada golpe. Ontem, justificava que hippie vive sempre com a mesma roupa, mas vive; que o alvirrubro estava bem na tabela e era o que importava. Lembrou o Botafogo, que cede o Engenhão para jogos do Flamengo e do Fluminense e prometeu volta para as gozações. Perdeu a paciência, inclusive comigo, quando brinquei que o time era, agora, América da sulanca. Eu, com minha mania de perder o amigo, mas não perder a piada fui taxado de abecedista.

Torcedor e não torcedor de um e de outro, acho que posso dar uma opinião desinteressada sobre o caso: o ABC pensou pequeno ao não alugar o Frasqueirão para o América. Faltou reconhecer que a situação não foi criada pela diretoria do clube rival e que uma possível derrocada alvirrubra não vai significar obrigatoriamente o sucesso alvinegro.

Quem conhece a hospitalidade dos pernambucanos deve desconfiar o quanto o América pode ser bem recebido. É tocar a bola pra frente e aproveitar o melhor da cultura local, descrita na poesia de Onildo Almeida e imortalizada por Luiz Gonzaga.

A Feira de Caruaru, Faz gosto a gente vê. De tudo que há no mundo, Nela tem pra vendê, Na feira de Caruaru. Tem massa de mandioca, Batata assada, tem ovo cru, Banana, laranja, manga, Batata, doce, queijo e caju, Cenoura, jabuticaba, Guiné, galinha, pato e peru, Tem bode, carneiro, porco, Se duvidá… inté cururu.

Tem cesto, balaio, corda, Tamanco, gréia, tem cuêi-tatu, Tem fumo, tem tabaqueiro, Feito de chifre de boi zebu, Caneco acuvitêro, Penêra boa e mé de uruçú, Tem carça de arvorada, Que é pra matuto não andá nú.

Tem rêde, tem balieira, Mode minino caçá nambu, Maxixe, cebola verde, Tomate, cuento, couve e chuchu, Armoço feito nas torda, Pirão mixido que nem angu, Mubia de tamburête, Feita do tronco do mulungú.

Tem loiça, tem ferro véio, Sorvete de raspa que faz jaú, Gelada, cardo de cana, Fruta de paima e mandacaru. Bunecos de Vitalino, Que são cunhecidos inté no Sul, De tudo que há no mundo, Tem na Feira de Caruaru.

Agora vai ter, também, a camisa do América.

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