sábado, 14 de julho de 2012

Poesia


ADEUS
Diniz Vitorino


Se me enxotas, mulher, eu parto, já é hora.
Não me humilhes no pranto da partida,
Pois o maior desespero de quem chora,
É não ter sua dor reconhecida.

Minha lágrima é de amor, nasceu agora!
Mas a tua depois será nascida.
Quanto mais escondida ela demora,
Mais será lacrimosa a tua vida.

Os teus remorsos virão! Eu não sei quando.
Haverás de lembrar de mim chorando,
Eu também chorarei sem ti na cama.

Tua lágrima externa falsidade,
Mas as minhas são gotas de saudade,
Jamais secam, nos olhos de quem ama.









Cousa Estranha
Patativa do Assaré


Esta noite, já quase madrugada,
No silêncio melhor de toda gente,
Despertei do meu sono de inocente,
Pelo doido ladrar da cachorrada.

E fiquei a dizer: não devo nada,
Criminoso não sou, vivo contente,
Quem me vem perturbar, tão insolente,
O repouso feliz desta morada?

Me fugiram os pulsos, pois sou fraco,
E lembrei-me de gato, de cassaco,
E raposa, mexendo no poleiro.

Porem logo notei estranha coisa,
Nem cassaco, nem gato, nem raposa,
Era um vice prefeito em meu terreiro.






Um comentário:

  1. Meu poeta,só tu me faz ter a coragem de colocar no imaginário mais uns versos.Que coisa magistral.Arte e talento não se encontra em qualquer esquina...Valeu e obrigado...!!!!!

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