quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Artigo

Um beijo no sonho
Marcos Bezerra, do Novo Jornal

Preencher este espaço com minhas ideias tortas, de hoje e de antanho, do meu sertão que não sai de dentro de mim e da nesguinha de Mata Atlântica que se avizinha da minha janela, tem me dado uma alegria besta. Quem escreve quer leitores e vez ou outra aparece alguém para me perguntar disso ou daquilo que leu em algum artigo meu. Jorli, um cão sarnento batizado por mim lá em Janduís, por exemplo, virou meu cachorro e mais de um amigo me perguntou se ainda está vivo. Outro dia o professor Cassiano Arruda Câmara me questionou sobre a defesa que fiz dos invasores do Pinheirinho, em São José dos Campos. Não concorda comigo, mas, igual Voltaire, defende meu direito de externar o pensamento. Ainda teve dona Salete, que ligou para mim para agradecer o artigo que fiz sobre ela e a filha, Kyberli Samara – descobri o segundo nome.
Até exportada minha verve está sendo; para o blog de Zenóbio Oliveira, filho de agricultor como eu, poeta das imagens televisivas e da cultura nordestina e antigo companheiro de trabalho lá em Mossoró. Diz ele que meu trabalho está bom demais. E eu vou engolindo corda. Dele e de todos. Criando coragem para concluir um livro que já anda na metade e iniciar outro, com roteiro praticamente pronto, embora vagando neste cérebro de grandes proporções.
Para o primeiro - O Ataque de Mossoró ao Bando de Lampião - não, que é de interesse local, mas o segundo - O Alto do Louvor - me faz sonhar um sonho que, descobri, é também de outros candidatos a escritor: todos nós queremos, um dia, ser entrevistados do maior talk show do país. Já ouvi coisas como: “com esse livro vou para o Jô Soares” e “queria uma coisa grande, que rendesse até uma entrevista no Jô”. Aí, cato memórias recentes e reconheço que já ensaiei respostas para o apresentador da Globo. Será que a produção dele vai ligar para meus familiares e amigos para saber de alguma presepada? Até a roupa que usarei nesse dia glorioso entra na lista dos pensamentos. São castelos construídos, tal e qual quem faz as contas de como gastar uma Mega Sena acumulada. E, senhor editor de Cultura, não pense que o sonho deixa de incluir uma boa página deste NOVO JORNAL. Entrevista no Cores & Nomes também, senhora Margot Ferreira!
Devo estar ficando doido... Viajando ainda mais, chego à conclusão que quem tem uma ideia de livro na cabeça, guarda material escrito ou mesmo já tem a boneca pronta e não publica, tem um trunfo na vida: o de que o livro pode ser um sucesso. E dessa esperança vai se alimentando. Ela dura até o dia que o autor quiser. Até o dia em que o esboço vai para o prelo.
Livro é a mercadoria que mais quebra. Costumo dizer com a experiência de meu “Toalha de Mesa - casos do meu mundinho”. Tiragem de 300 volumes, poucos vendidos, muitos doados e ainda uma boa quantidade guardada. Mas, fazer o que, se há muito fui picado pela tal mosca azul da literatura.

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