terça-feira, 13 de setembro de 2011

Opinião

A DEUSA NÃO É “CEGA”. É LENTA.


O noticiário nacional, seja no rádio, jornal ou televisão, enche diariamente os nossos olhos e ouvidos com falcatruas e maracutaias: políticos medonhos afanando dinheiro público; bandidos de colarinho branco desviando verbas destinadas para a saúde e educação e outros crimes bárbaros. Este mesmo noticiário não mostra ninguém sendo preso. No máximo vão até à delegacia acompanhados de seus advogados para prestar “esclarecimentos”, e depois são liberados.Tais desmandos suscitaram uma grande dúvida: será que a justiça é “cega”?“Caí em campo”. Fiz uma pesquisa minuciosa para entender o que significa a figura daquela mulher com os olhos vendados, carregando em uma de suas mãos a balança e na outra uma espada. Durante a minha pesquisa,encontrei no jornal Carta Forense edição on-line que “a venda tem como função básica evitar privilégios na aplicação da justiça, sendo a balança o instrumento que pesa o direito que cabe a cada uma das partes e a espada item indispensável para defender os valores daquilo que é justo, já que a norma sem a possibilidade de coação dependeria apenas das regras de decência e convivência de cada comunidade, o que seria ineficaz para garantir o mínimo ético indispensável para a harmonia social. Podemos dizer que a espada sem a balança é força brutal, assim como a balança sem a espada tornaria o Direito impotente perante os desvalores que insistem em ser perenes na história da humanidade”. Eu acrescentaria algo mais na figura da mulher de olhos vendados. Uma corrente em seus pés para representar a lentidão da justiça. E para ilustrar esta lentidão, a história do servidor público de um município da região: Aquele teve o seu “robusto” salário mínimo reduzido pela metade (por ordem do prefeito eleito na época) como punição pelo simples fato de ter exercido um direito “sagrado” da democracia: votar livremente. O servidor procurou a justiça do trabalho e aguarda há exatamente 10 anos o reparo deste crime. O cidadão da história é resignado e extremamente religioso. Vê na lentidão da justiça um desígnio de Deus e acredita na “justiça” divina. Contextualizando esse episódio, com base na figura da mulher de olhos vendados, pode-se imaginar que a prefeitura está dentro de um prato da balança bastante inclinado para baixo, enquanto que o humilde servidor encontra-se dentro do segundo prato, inclinado para cima, com a espada enfiada na boca, perpassando o intestino grosso e delgado e saindo pela região glútea, a espera do veredicto final.

FABIANO REGIS
Radialista e bancário.


Preguiça Judicial 
Zenóbio Oliveira



Maria de Seu Chico três vinténs,
Casou-se com Titico de Honório,
E resolveram os dois, que o casório,
Iria ser com repartição de bens,
Consolidada a partilha dos teréns,
Documento em cartório foi lavrado,
Terras, imóveis, troços, gado,
Pertenceria, assim, a cada qual,
Só que a primeira querela do casal,
Foi parar no birô do magistrado.

É que Maria ganhou uma novilha,
Dada pelo pai, ele, seu Chico,
Que cruzou com um garrote que Titico,
Também tinha ganhado da família,
Só que o documento da partilha,
Não previa esse tipo de emperro,
E justamente por causa desse erro,
Estão, há tempo, na justiça a debater,
Num processo de litígio pra saber,
Qual dos dois é o dono do bezerro.

E enquanto espera uma sentença,
Essa novela de Maria com Titico,
Passeia pelas rodas de fuxico,
O que aumenta mais a malquerença,
A demora consolida a desavença,
E a lerdeza forense, essa preguiça,
Atiça neles o fogo da cobiça,
Pois no gado foi num foi nasce uma cria,
Tanto é meu patrão que hoje em dia,
Quase todo o curral ta na justiça.

























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