terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cantiga

Debaixo do tamarindo.
Zenóbio Oliveira

A flor do tamarindo lá do meu terreiro,
Tem um cheiro de amor que nunca finda,
A flor do tamarindo lá do meu terreiro,
Tem um cheiro de amor, morena linda.

Escrevi no teu destino,
A história da minha vida,
Os meus sonhos de menino,
Minha paixão incontida,
Meu pranto, minha alegria,
Minha esperança menina,
Só pra ver você um dia,
Debaixo do pé de tamarina.

Quando o galo saudou a madrugada,
Coloquei os molambos na sacola,
Misturei-me a poeira da estrada,
Com a cara, a coragem e a viola.
E no trajeto de minha romaria,
A saudade no meu peito não termina,
Quero encontrá-la qualquer dia,
Debaixo do pé de tamarina.

Vejo a pétala da flor que se espedaça,
Na bruteza da bala do canhão,
Eu sou o fio tênue de uma raça,
Humilhada e maltratada no sertão,
Que tira leite de pedra todo dia,
Nessa luta de leão que só termina,
Quando é noitinha nos braços de Maria,
Debaixo do pé de tamarina.

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