terça-feira, 24 de maio de 2011

Opinião


O rádio e sua relação com a educação 
Por Zenóbio  Oliveira
                                                                                                                           
Kracauer e Benjamin, proto-frankfurtianos, acreditavam que o capitalismo, ao promover a industrialização dos bens culturais, criara, involuntariamente, as condições para a democratização da cultura. Para Benjamin, em seu ensaio “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” as tecnologias de comunicação sucessoras da fotografia são caracterizadas pela sua reprodutibilidade. Na sua concepção as técnicas de reprodução separam o objeto reproduzido da sua tradição, desunifica a obra e cria a seriação dela e, conforme permitem à reprodução vir ao encontro do espectador, nas mais diversas situações, tornam o objeto reproduzido cada vez mais atual e recente. Isso faz com que ocorra a renovação da humanidade em detrimento da tradição. Como resultado desse processo, defendeu Benjamin, a obra de arte perde sua “aura”, e se situa ao alcance da massa. As tecnologias de comunicação, e nesse contexto histórico estão inseridos o rádio e o cinema, seriam virtuais instrumentos de democracia e progresso para a humanidade.
 Opondo-se às idéias de Kracauer e Benjamin, Theodor Adorno, apesar de concordar que os meios técnicos possuíam características democratizantes e progressistas, defendia que não se desenvolveriam nesse sentido por estarem a serviço de uma industria cultural convertida em sistema.
           A batalha teórica da escola de Frankfurt deitou o terreno para as discussões acerca das potencialidades dos meios de comunicação de massa ao longo da história, sempre de maneira atual e presente, ganhando em nossos dias os ingredientes da expansão e inovações tecnológicas.
             Hoje, sugere-se que a educação seja o elemento fundamental dessas potencialidades dos media, capaz de promover a cidadania e, consequentemente, atuar como agente de transformação social.
          Desde a descoberta da existência de ondas eletromagnéticas pelo escocês James Clerk Maxwell em 1873, da sua comprovação a partir das experiências de Rudolf Henrich Hertz em 1888 e do desenvolvimento da tecnologia capaz de transmitir sons complexos pelo italiano Guglielmo Marconi, no final do século XIX, até hoje, o rádio, em mais de cem anos de história, passou por profundas transformações, suplantando ameaças, vencendo desafios, assimilando e se adaptando às novas tecnologias.
      O rádio no Brasil teve um início promissor, no que se refere à educação, mas pouco duradouro, até render-se às exigências mercadológicas. As tentativas do professor Roquete Pinto, através da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, no entanto, traçaram o caminho para essas possibilidades educativas do rádio como um dos seus principais desafios. As experiências de Roquete Pinto na transmissão de educação e cultura pelo rádio, ainda que não consolidadas na radiodifusão atual, já podem ser vista dentro de perspectivas promitentes nas rádios educativas e comunitárias espalhadas pelo país. Este veículo experimentou diversas transformações, tanto técnicas como de conteúdo, segmentando-se frente à concorrência com outros meios, como a televisão, por exemplo, mas manteve-se até hoje como o mais popular meio de comunicação de massa.
        As potencialidades dos meios de comunicação como instrumentos de transformação social e agentes da cidadania, e o rádio aqui se apresenta como o mais elementar e significativo por sua expansão, baixo custo e segmentação, fazem parte dos debates atuais. Como síntese do embate teórico da escola de Frankfurt, a transmissão de educação e cultura acontece sim, mesmo que de forma involuntária, pois proporciona ao público o contato diário com as várias culturas e formas de vida. Pode-se concluir que, segmentado, o radio constitui-se elemento fundamental para os fins educativos no Brasil, já que produz um envolvimento maior com seu público, atendendo melhor suas necessidades.
           







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