quarta-feira, 4 de maio de 2011

Opinião


Por Allan Erick.
Postado originalmente no http://allanerick.blogspot.com

A mídia estadunidense celebrou a suposta morte de Osama Bin Laden, ocorrida na madrugada de segunda-feira 2 de maio, como se o evento fosse um divisor de águas. No imaginário do americano médio, bombardeado diariamente por uma propaganda de medo, o desaparecimento do fundador da Al Queda representa a solução para o estado crônico de tensão que o país vive, o anti-americanismo que se alastra pelo mundo e o atoleiro de duas guerras.

A mídia brasileira que, além de servil, há muito tempo perdeu a autonomia editorial e o senso crítico, fez coro. Enalteceu o "esforço" estadunidense na "guerra contra o terror", descreveu o "feito" em tom de homenagem aos soldados americanos que perderam suas vidas nessa "luta" e exibiu exaustivamente  as imagens do 11 de Setembro, ataque sofrido pelos EUA supostamente  planejado por Bin Laden - não há prova factual da autoria - e que deu início a chamada "guerra contra o terror".

Os milhares de Afegãos mortos, o fato dos soldados serem invasores e Osama ex-aliado dos EUA, são temas que não ganharam destaque na cobertura brasileira.

O que a suposta morte de Bin Laden representa em termos concreto para os EUA? Rigorosamente nada...

Uma história no mínimo mau contada

Não sou adepto de teorias da conspiração, apenas cético e por isso não consigo entender a lógica de se livrar de um "troféu" antes de exibi-lo exaustivamente. Os EUA passaram 10 anos procurando Bin Laden, quando finalmente o pegam, somem com o corpo? Alegaram ter seguido um ritual muçulmano e o jogaram no mar. O problema, além do fato dos EUA não respeitarem tradição, costumes culturais ou religiosos de nação alguma - pois são um país etnocêntrico - não é dessa forma(jogando no mar) que se sepulta um muçulmano.

Depois da foto falsa de Osama Bin Laden "morto" que correu o mundo, os americanos agora dizem que confirmaram que o corpo era do saudita através de um "exame de DNA". Perfeito não é mesmo? O DNA é infalível...o problema é saber a origem desse exame e elucidar algumas questões técnicas e científicas acerca do procedimento. Afinal qual a origem do material genético utilizado para ser comparado com o de Bin Laden? Os EUA permitirá a realização de uma contraprova, feita por uma equipe independente de cientistas internacionais e usando o DNA do filho de Bin Laden que mora na Inglaterra?

Convenhamos que não é prudente acreditar cegamente nas "provas" fornecidas pelos EUA. É preciso lembrar que o país fabricou "provas" de que o Iraque possuia armas de destruição em massa. Uma forma de justificar mais uma guerra de agressão e tudo com o apoio da grande imprensa internacional.

Um erro recorrente do império

Mesmo com experiência em políticas externas beligerantes e agressivas, baseadas na força, no fomento aos golpes de estado e estando envolvidos direta ou indiretamente em quase todas as guerras do século XX e XXI, os EUA ainda não conseguiram aprender o básico: não se pode matar uma ideia.

O chamado "terrorismo islâmico" é resultado dessa política externa unilateral que subjuga o Oriente Médio e o mundo Árabe. A política estadunidense na região baseia-se no apoio aos ditadores corruptos(e marionetes)  ou, quando a diplomacia falha, através da força bruta. O modus operandi estadunidense além de humilhar o mundo islâmico dá suporte econômico, diplomático e militar à opressão sionista ao povo palestino, assunto que revolta todos os muçulmanos.

Como disse Michel Foucault, "Onde há poder há resistência", e as reações de uma parcela desses povos oprimidos por vezes são violentas. Não é essa a linguagem que os inimigos(EUA e seus vassalos) entendem?

A única via possível para se alcançar a paz é a correção dessas políticas agressivas, ditadas pela dependência dos EUA por petróleo, pelos interesses do complexo industrial-militar e pelo lobby sionista, forças poderosas  infiltradas na política estadunidense. Os prognósticos são os piores possíveis.

A suposta morte de Bin Laden não vai acabar com os ataques terrorista da Al Qaeda, é mais provável que eles sejam ampliados.

A "guerra contra o terror" já dura 10 anos, consumiu a vida de quase 1 milhão de afegãos e iraquianos, 5 mil soldados da coalizão, além das 3 mil vítimas de 11 de setembro.

O "oba-oba" da comemoração da morte de Osama durou pouco mais de uma noite, a tensão é reestabelecida em dobro e mais violência certamente virá.

Sem muito esforço dá para perceber que a vida humana não é prioridade nessa guerra...

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